domingo, 11 de abril de 2010

XXXIII Congresso do PSD

Por curiosidade fui ver o que se passava no Pavilhão dos Lombos, em Carcavelos. Era o XXXIII Congresso do Partido Social Democrata. Aparte de todo o aparato, confesso que fiquei espantado com o parque automóvel dos senhores congressistas. Jaguar, Mercedes e BMW são algumas das suas marcas preferidas. Bom gosto. Quanto ao novo líder, não sei quem é. Se calhar devia. Mas muito sinceramente não o conheço. Na falta de melhor aproximação, resolvi ler o seu curriculum vitae. Fiquei a saber que o seu nome completo é Pedro Manuel Mamede Passos Coelho e nasceu a 24-07-1964 em Coimbra, é casado e tem três filhas. Até aqui tudo banal. É licenciado em Economia pela Universidade Lusíada. É curioso que, depois de ter falhado a entrada em Medicina por umas décimas, tenha optado por um curso de Economia numa universidade privada (não uma qualquer mas sim a Lusíada). O seu percurso político tem início quando tinha 16 anos de idade, naturalmente pela Juventude Social Democrática. Foi depois deputado à Assembleia da República, vereador da Câmara Municipal da Amadora e presidente da Assembleia Municipal de Vila Real, para além dos vários cargos que foi assumindo dentro do partido. No plano profissional, digamos que o ano de 2004 foi para si decisivo ao mesmo tempo que era igualmente decisivo para Santana Lopes que, depois de as estrelas lhe terem mostrado que um dia viria a ser primeiro-ministro, via assim o seu desejo realizado. Parece que teve sorte. Administrador de várias empresas, em 2007 Passos Coelho é nomeado administrador executivo da Fomentivest (empresa presidida pelo social democrata Ângelo Correia) e presidente da HLC TEJO, SA.
Aparentemente, este currículo não tem nada de mal. Resume o percurso político e profissional de um homem desconhecido do grande público. Mas para quem já viu muita coisa e conhece bem o submundo dos partidos, este currículo não é mais do que uma hiperligação ao conceito tradicional de político, isto é, aquele que faz da política a sua ambição de vida, o seu espaço de realização pessoal e profissional, aquele que vai fazendo o seu caminho pelos meandros do aparelho, conhecendo-o e seduzindo-o, aprendendo as suas engrenagens mais profundas. Porque o aparelho é fundamental no processo de eleição. Porque é justamente este aparelho que manobra a máquina. Aliás, aparelho este que no momento próprio cobrará o seu esforço. Em política não há bondade. Dá-se hoje, espera-se retribuição amanhã. Os profissionais do aparelho, precisamente aqueles que andam por aí a angariar militantes amigos para depois lhes dizer em quem devem votar, que mandam SMS, e-mails e telefonam como se não houvesse amanhã, que perdem horas do seu tempo em pura actividade de caciquismo, sonham já com o dia em que Passos Coelho será eleito primeiro-ministro. Porque para eles, para alguns, será um ano decisivo. O país vive desde há muito de simpatias partidárias. Nada é ilegal. Mas quase tudo é imoral. Os diferentes cargos, quer na vida política quer na vida empresarial, são atribuídos de acordo com critérios muito pouco claros. Não são só ex-ministros e ex-secretários de Estado que são convidados a integrar a administração de grandes empresas ou a ocupar um lugar qualquer em Paris, Londres ou Bruxelas. Mas são também aqueles que se movem agilmente no submundo dos partidos. Porque não tenhamos ilusões. Job for the boys será sempre um código de honra quer no PS quer no PSD.
Eu não tenho opinião sobre o Dr. Pedro Passos Coelho. Justamente porque não consigo ter opinião sobre alguém que desconheço. Mas como não é meu hábito nem dizer mal nem mentir, limito-me a ir olhando para isto. Pode ser que isto dê sorte.

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