segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Há sempre alguém à nossa espera




















Grande parte dos textos que serão aqui publicados, serão textos incompletos, ou velhos textos em novas sínteses de pensamento, ou até em impressões avulsas sem nexo nem desejo de nexo. Mas o importante é que sejam incompletos. Desgraçadamente incompletos. Sem fim. Sem destino. Sem ponto final. Serão as minhas confissões mais profundas. Sem medo das palavras. Sem qualquer desejo de utilidade. Serei eu e apenas eu. E se nada encontrarem, é porque nada sou. E mesmo sendo nada, farei de conta que sou tudo.

Grande parte dos textos que serão aqui publicados, serão textos incompletos. Já disse. Nada do que está aqui é necessariamente autobiográfico. A ligação entre os diferentes textos, tenham eles muitas ou poucas palavras, faz-se a custo de uma aparente falta de nexo. Mas não podia deixar de ser assim. A linearidade do pensamento, daquele que paga imposto e que serve o politicamente correcto, e que tem bom gosto e está cheio de rodriguinhos, não me seduz minimamente. É na falta de nexo que a minha loucura mansa encontra condições para galgar os limites do possível e pisar livremente os terrenos férteis da vaidade. Encontrarão aqui alguns intervalos dolorosos. Há palavras que muito antes de terem sido escritas foram choradas ou lamentadas ou ainda profundamente sentidas. Por vezes reconhece-se um traço grosso a definir um perfil depressor, depressivo ou deprimente. Não generalizem. E sobretudo não desistam. Como só vemos aquilo que queremos ver, às vezes é preciso mostrar que o mundo não é exactamente aquilo que nós queremos que ele seja. Mas isso não faz de mim um deprimido crónico, um pessimista sem jeito, um triste sem rumo. Não há aqui qualquer reflexo da minha existência. Há sim um produto da minha vivência quotidiana. Aliás, um produto que é, ao fim e ao cabo, uma imagem instantânea onde se revela um determinado aspecto semântico do meu pensamento. Não me prendam por isso. Apesar de tudo, estas notas avulsas e gastas, muito usadas, continuam à espera de fundamentação. Essa é a sua causa final. Esperar pela fundamentação. Elas que esperem que eu tenho onde ir. Há quem esteja à minha espera. Há sempre alguém à nossa espera…

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