o regresso a lisboa foi feito por barco, a bordo do cacilheiro com destino a belém, com mil e uma medusas lânguidas a visitarem a superfície da grande massa de água esverdeada, um saxofonista pueril a treinar a sua arte junto do local de embarque em Cacilhas, os limites de lisboa a sussurrarem ao rio os seus maiores pecados, uma barquito chamado "Ivone Sara" a cumprir o seu destino com um homem velho de mãos à cintura e um pequeno cão a ladrar na popa como se cumprimentasse quem estava em terra, a ponte a erguer-se em todo o seu esplendor, transmutando-se num grande instrumento musical que vocaliza sons persistentes à medida que os carros percorrem a estrutura metálica, o cheiro da água e do ar a entranharem-se na minha pele e eu ali, na proa daquele cacilheiro, cheio de vontades e de desejos, quase a acreditar que aquilo ia durar para sempre.
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
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